Você já ouviu ou presenciou algum caso de um funcionário público que realizou uma ação ilegal ou retardou suas atividades buscando beneficiar outras pessoas? Nesse artigo, você entenderá o que é prevaricação, nome dado a essa prática.
Continue a leitura e entenda quais são as suas consequências legais e reputacionais, além de aprender como esse crime se difere da corrupção.
Prevaricação o que é? Você já deve ter se deparado com esse termo, especialmente em casos envolvendo funcionários públicos. A prevaricação é um crime praticado por funcionários públicos que, no exercício de suas funções, agem de maneira desonesta ou omissa para satisfazer seus interesses pessoais ou de terceiros.
Segundo o Código Penal brasileiro, a prevaricação ocorre quando o funcionário retarda, deixa de praticar ou praticar indevidamente um ato de ofício, contrariando o dever de seu cargo.
Um exemplo de prevaricação seria quando um fiscal da prefeitura, responsável por fiscalizar e inspecionar construções, descobre que um empreendimento está sendo construído sem a licença necessária.
Apesar de a ação correta ser embargar a obra e aplicar as penalidades cabíveis, ele decide não agir, pois o dono da construção é seu amigo pessoal e, por isso, decidiu “fechar os olhos” à irregularidade.
Esse crime é bastante sério, pois viola a legislação brasileira e compromete a integridade da função pública, já que o profissional está usando seu cargo para descumprir a lei visando seus próprios interesses.
Apesar de darmos um exemplo de prevaricação no tópico anterior, esse tipo de crime tem várias categorias. Conheça-as abaixo.
Ocorre quando o servidor público, de forma deliberada, deixa de cumprir um dever que faz parte de suas obrigações legais. Nesse caso, o funcionário público evita agir, mesmo tendo conhecimento da situação e da sua responsabilidade em resolvê-la.
Por exemplo, um agente de saúde descobre uma irregularidade em um hospital que está colocando em risco a saúde dos pacientes. Mesmo sendo sua responsabilidade tomar as providências cabíveis, ele decide não reportar o problema por ser amigo do diretor da instituição.
Caracteriza-se quando o servidor adia injustificadamente a realização de um ato de ofício. A motivação para isso geralmente envolve interesses pessoais ou de terceiros.
Imagine o seguinte caso, um servidor responsável por aprovar projetos de construção pública recebe um pedido de aprovação, mas decide retardar a análise do projeto porque está aguardando uma “recompensa” indireta ou deseja beneficiar um concorrente da empresa que fez a solicitação.
Nesse tipo de prevaricação, o servidor público executa uma ação que contraria à legislação, realizando um ato ilegal ou inadequado ao seu cargo para beneficiar a si ou a terceiros.
Por exemplo, um servidor de um departamento de trânsito emite uma carteira de habilitação para uma pessoa que não cumpriu os requisitos legais, como o exame médico ou a prova teórica, porque essa pessoa é um parente próximo ou um conhecido influente.
A pena prevista para o crime de prevaricação é a de detenção, que varia de três meses a um ano, além do pagamento de uma multa. Embora essa punição não seja das mais severas em termos de duração, a condenação por prevaricação pode gerar sérias repercussões na vida profissional do servidor público envolvido.
Além da pena de prisão e da multa, o servidor pode enfrentar consequências administrativas, como afastamento do seu cargo público, ser exonerado ou perder sua aposentadoria, dependendo da gravidade da infração e da decisão tomada pela autoridade competente.
O funcionário também pode ter dificuldades em voltar ao serviço público ou conseguir novas oportunidades profissionais, já que a condenação por prevaricação afeta diretamente sua reputação.
Algumas pessoas podem acreditar que a prevaricação e a corrupção são o mesmo crime, mas não é bem assim.
Na prevaricação, o foco está na omissão ou má conduta dos serviços atribuídos ao seu cargo, ato movido pelos seus próprios interesses ou de terceiros. Já na corrupção, existe a troca de vantagens indevidas.
A corrupção pode, ainda, ser dividida em suas categorias:
Ou seja, a principal diferença de ambos é que a corrupção é um crime de troca, enquanto o funcionário que faz prevaricação não recebe suborno, pois a ação é movida pela sua relação com a pessoa a ser beneficiada.
Outra diferença importante a se destacar é a penalidade aplicada para cada um dos crimes. A prevaricação tem uma pena mais leve, com detenção de três meses a um ano. Já para quem pratica corrupção a pena máxima pode chegar até 12 anos de prisão.
Uma das principais características que um funcionário público precisa ter é a ética, uma vez que ela é fundamental para que a população tenha confiança nas instituições públicas e na eficiência da sua administração. Servidores devem agir de maneira imparcial, cumprindo suas funções com transparência, responsabilidade e comprometimento com o bem coletivo.
Fazer prevaricação, por sua vez, é uma grave violação desses princípios. Quando um funcionário público pratica prevaricação, ele compromete sua integridade e a credibilidade da instituição que representa.
Essa conduta desvia o foco do interesse público e enfraquece a moralidade administrativa, minando a confiança da sociedade nos processos governamentais.
Além disso, a prevaricação prejudica a eficiência do serviço público e de outros colaboradores, já que decisões ou ações que deveriam ser tomadas com agilidade e de forma justa são atrasadas ou manipuladas. Esse desvio ético gera consequências, como:
Agora, entendendo o que é a prevaricação, quais as suas consequências e como ela afeta a ética no serviço público, você aprendeu a importância de agir dentro da lei e realizar as suas funções como servidor público sem beneficiar terceiros ou ele mesmo.
Saiba mais detalhes sobre o crime de prevaricação nesse outro artigo no qual explicamos ato do ofício, pena prevista e muito mais.
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